Publicado 28 de agosto de 2023 10:46. última modificação 30 de agosto de 2023 10:52.

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FJM promove debate sobre a aprendizagem da criança autista em live com grande audiência em todo país

A Fundação João Mangabeira realizou na manhã do último sábado (26) de agosto, uma live com o tema “A Inclusão e necessidades próprias de aprendizagem do autista. A reunião, que aconteceu via Zoom e foi transmitida pelas redes sociais da FJM contou com a presença do Ministro de Portos e Aeroportos Márcio França, sua esposa e educadora Lúcia França, a deputada estadual Andrea Werner, e da secretária nacional da Coordenação de Defesa dos Interesses das Pessoas com Deficiência do PSB Inclusão, Luciana Trindade, da professora doutora Lisienne Navarro, coordenadora do Curso de Pedagogia da Universidade Paulista, Campus Alphaville, além do professor e diretor da FJM, Mário Guide, que foi o mediador do encontro que reuniu mais de cem pessoas de todo país.

França abriu o debate falando da importância da educação para as pessoas com deficiência em seus mandatos como prefeito e elogiou o atual quadro de políticos do PSB São Paulo que tem grande preocupação com o tema. “Nosso partido hoje é um partido que tem muita preocupação com isso, com esse crescimento, em especial na educação infantil, que a gente tem notado. Quero cumprimentar a todos envolvidos em organizar um evento tão significativo”, relatou.

Na sequência, a Coordenadora de Defesa dos Interesses das Pessoas com Deficiência do PSB Inclusão, Luciana Trindade, falou sobre as lutas do PSB pela educação inclusiva e o impacto positivo que da revogação do Decreto 10.502. “Vale lembrar que o PSB foi quem acionou o STF sobre o Decreto 10.502, que segregava os alunos com deficiência dos demais alunos sem deficiência. Esse decreto foi um dos primeiros atos do presidente Lula, na sua posse, e foi revogado.Foi o primeiro ato e é uma vitória para nós do PSB reconhecer que a segregação escolar exclui os alunos com deficiência dos demais alunos”, contou. Luciana ainda falou da luta do PSB Inclusão pela defesa de uma política nacional de educação inclusiva, com o aluno em sala de aula atuando junto com os demais, sem deficiência. “Esse aluno tem total capacidade de acompanhar a aula junto com os demais, desde que a escola esteja preparada para receber esse aluno, melhorando a qualidade da formação dos professores, melhorando a qualidade de acessibilidade nas escolas e assim por diante. Importantíssimo que a gente acompanhe a Lei Brasileira de Inclusão e a Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência”, encerrou.

A deputada estadual Andrea Werner (PSB-SP) se apresentou relatando sua trajetória como ativista pelo direito das pessoas com deficiência há mais de dez anos e da sua recente descoberta de também ser autista e como o diagnóstico tardio não é um processo fácil. “Fui diagnosticada em junho deste ano, após um processo que demorou mais ou menos seis meses. Um processo muito longo que envolveu entrevista com meus pais, com amigos, várias escalas diagnósticas porque diagnosticar mulheres autistas de grau de suporte não é um processo fácil, mas tem sido muito bom rever a minha história, me perdoar e entender muitas partes da minha vida que ainda estavam em aberto”, relatou.

Sobre o tema do encontro, Werner falou da importância que um autista hoje precisa de adaptação e de inclusão real. “A gente não pode cair em ideias antiquadas e segregacionistas do passado. A gente não pode aceitar nenhum ambiente em que a individualidade do autista é apagada, com intervenções agressivas, que tem como único interesse fazer com que ele pareça menos autista, porque isso não existe. Mas a gente também não pode falar em comportamento indesejado da perspectiva neuro normativa. A gente precisa sempre ver aquele aluno como um indivíduo e pensar na qualidade de vida. Então se há comportamentos altos ou hétero lesivos, se ele se machuca ou machuca as outras pessoas, eles precisam sim ser abordados para que aquela pessoa não sofra, para que ele tenha mecanismos de autoregulação que sejam sustentáveis, que façam bem para ele. Se é um comportamento que outras pessoas acham estranho, quem precisa ser educado são as outras pessoas. Isso aí é problema das outras pessoas”, enfatizou.

A palestrante do encontro, a professora Lisienne Navarro concordou com a colocação de Andrea Werner que não existe um modelo único para trabalhar com autista, pois cada ser é individual e não há um modelo. “Não existe um manual. Felizmente não existe um manual, porque nós somos diferentes e todas as pessoas são. O que elas precisam é ser consideradas, observadas e atendidas suas necessidades. A escola precisa de uma certa forma olhar para essas crianças como crianças possíveis de crescer, desenvolver e atuar na nossa sociedade. Enquanto nós não olharmos para elas como crianças com potencialidades, nós ainda teremos discriminação”. E continuou: “Não adianta nós falarmos de inclusão quando nas escolas elas integram a criança. Na escola nós devemos integrar e incluir as duas coisas juntas. As crianças têm que estar dentro da escola, elas têm que ter o direito de estar na escola, conviver mas serem incluídas dentro do contexto escolar”.

Em outro momento de sua palestra, Lisienne falou da importância do trabalho multidisciplinar. “Um trabalho multidisciplinar com eles pode gerar mudanças e uma evolução no seu comportamento e aprendizado, mas é ter intervenções multidisciplinares que consigam olhar a individualidade de cada criança, e é isso que nós precisamos entender. E só aí a gente vai entender um pouquinho essa cabeça da criança, entender quem são essas crianças e só assim eu posso elaborar uma estratégia de trabalho que dará resultado”, concluiu a especialista.

A live foi marcada por muita interação dos participantes, como o relato da Vânia Schimerski, de Joinville/SC. “Bom dia! Sou mulher com Deficiência, sou autista, tenho visão monocular, “ativista” pelo autismo, sou mãe de uma rapaz autista que hoje e bombeiro, resido em Joinville/SC”, e a Janaína que não deixou detalhes de sua localidade, mas fez questão de se manifestar durante a palestra. “Sou estudante de pedagogia e até ano passado fui cozinheira escolar de educação infantil. Como tenho filho autista com seletividade severa, iniciei um trabalho com cada criança autista com seletividade na nossa escola. Tivemos ótimos resultados usando este método”, declarou a estudante.

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