Publicado 10 de março de 2020 17:10. última modificação 10 de março de 2020 17:10.

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Tema da “violência contra a mulher” reuniu especialistas na noite de ontem na FJM

Violência contra mulher reuniu especialistas na FJM

A sede da Fundação João Mangabeira (FJM), em Brasília, foi onde aconteceu na noite da última segunda-feira, 09/03,  o bate-papo on-line “Violência contra a mulher”, que recebeu especialistas das áreas do direito e da comunicação para debater o assunto. O evento foi realizado pela Secretaria Nacional de Mulheres do Partido Socialista Brasileiro (SNM/PSB), com apoio da FJM e do Partido Socialista Brasileiro. Dora Pires, secretária da SNM, destacou que a violência contra a mulher no Brasil vem crescendo, segundo ela, em 2019 houve um aumento de 7,8% com relação a 2018, “uma mulher a cada 7 horas, em média, é assassinada no Brasil, então cabe aos partidos essa discussão e a mudança dessa situação”, informou.

Dora Pires: “cabe aos partidos essa discussão e a mudança dessa situação”

A jornalista Luciana Capiberibe, que representou a FJM durante a abertura, saudou a iniciativa de marcar os debates referentes ao dia da mulher, que foi dia 08/03, pelo viés da violência, “embora desde os anos 1970 o movimento feminista tenha obtido muitos avanços, do ponto de vista da violência de gênero a luta não avançou tanto e são ainda muito sérios e abrangentes os resultados da violência contra as mulheres”, afirmou. O evento contou com a presença da Gerente Executiva da FJM, Márcia Rollemberg, que avaliou a participação das convidadas e destacou que essas iniciativas são importantes para que haja troca de experiências, “tivemos uma aula aqui muito interessante”.

Maria Paula: O Brasil é o quinto país do mundo no ranking do feminicídio

Segundo a jornalista Maria Paula Andrade, que mediou o debate, o Brasil é o quinto país no mundo no ranking do feminicídio. A defensora pública Rita Lima, coordenadora da Comissão dos Direitos da Mulher da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (ANADEP), falou sobre a atuação da instituição na defesa dos direitos da mulher e complementou o dado de Maria Paula, “quando a  gente fala dos feminicídios, a gente sabe quem são essas mulheres e  onde elas estão morrendo, a maior parte dessas mulheres são mulheres negras, a maior parte dessas mulheres morreu em sua residência ou em decorrência de um relacionamento de uma pessoa próxima, elas são mulheres periféricas e com pouco acesso aos serviços do Estado”. Ainda segundo Lima, uma pesquisa realizada no Distrito Federal mostrou que 70% vitimadas por violência já havia sido vítima anteriormente e nunca havia procurado o Estado, provavelmente porque  não tinha nenhum tipo de contato com ele, “essas são pessoas que não confiam no Estado, não confiam no poder legitimado”.

Rita Lima: “quando a gente fala dos feminicídios, a gente sabe quem são essas mulheres”

A Promotora Legal Popular (PLP) Rosa Maria, que atua na formação de mulheres para o fortalecimento dos direitos da população e para o combate à discriminação e à opressão, por meio do conhecimento dos direitos e dos caminhos de acesso à justiça, acredita que o que precisa ser trabalhado é a informação e a prevenção, ela acredita que se deve debater sobre as causas da violência. Ela explicou que existem formas de violência que nem mesmo são identificadas como violência pelas vítimas, como por exemplo no caso de homens que recolhem todos os ganhos monetários de suas esposas, ou que cometem violência física em lugares do corpo que ficam cobertos pela roupa para não chamar a atenção de outras pessoas. Ela disse que a dependência emocional faz com que muitas mulheres permaneçam em situações de violência. Para Rosa Maria a violência não é apenas física, nem psicológica, “violência é tudo que nos desrespeita”.

Rosa Maria: “Violência é tudo que nos desrespeita”.

A professora dra.  da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luciana Panke  é autora do livro Campanhas Eleitorais Para Mulheres: Desafios e Tendências ,  resultado de uma pesquisa realizada em 15 países da América Latina. Ela explica que procurou traçar perfis em comum e verificar as principais dificuldades  “é de chorar o fato de que as formas de violência são muito parecidas, esse machismo que a gente fala, que é aceitar que as características masculinas são superiores às femininas está em todos os países em maior ou menor grau”. A profa.  aponta para a presença da cultura machista na política e a divide em categorias como   a cultura do “mimimi”, do silêncio, do estupro, da servidão e da incompetência.

Profa Luciana Panke: “é de chorar o fato de que as formas de violência são muito parecida”

A advogada e pesquisadora do Instituto Alziras, Roberta Eugênio, disse que não existem ainda dados sobre a violência política contra a mulher, mas que é importante lembrar que “ a história das mulheres na política pode ser contada pela sub-representação e pela violência”. Ela disse que há apenas 88 anos as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil para uma parte, pois as mulheres negras, por exemplo, levaram mais tempo. O Brasil está no ranking dos três piores países no que diz respeito à paridade de representação na América Latina.

Roberta Eugênio: “ a história das mulheres na política pode ser contada pela sub-representação e pela violência”

O evento contou com público presencial e foi transmitido pelas redes sociais. Foram lidas perguntas e comentários de internautas, que participaram de vários lugares do Brasil.

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