Publicado 5 de novembro de 2020 22:10. última modificação 5 de novembro de 2020 22:10.

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Planejamento Regional e Federalismo foram temas do segundo dia da Semana Celso Furtado

Especialistas levaram visão sistêmica sobre a questão regional brasileira no segundo dia de debates

O segundo encontro da Semana Celso Furtado, promovido pela Fundação João Mangabeira, teve a participação de Tania Bacelar de Araújo, professora da UFPE e ex-Secretária Nacional de Políticas Regionais; e Clélio Campolina Diniz, ex-Reitor UFMG e ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Com o tema “Planejamento Regional e Federalismo”, o debate foi mediado por Hipólita Siqueira de Oliveira, professora de Planejamento Regional do Instituto de Pesquisa e Planejamento Regional da UFRJ.

Hipólita, ao dar seguimento à programação da semana, agradeceu a presença dos debatedores. “São duas grandes referências nossas na área de planejamento e desenvolvimento regional no país. E tal como Celso Furtado, são também – além de intelectuais acadêmicos – dois grandes servidores públicos e influenciadores de políticas públicas regionais no Brasil”, elogiou a também ex-Diretora da ANPUR – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, e co-autora do livro Pacto federativo, integração nacional e desenvolvimento regional.

“Eles trazem uma visão de conjunto, uma visão sistêmica sobre a questão regional brasileira e os aspectos relacionais das várias questões regionais do Brasil. Também o papel do Estado, suas várias escalas e como contextualizar no cenário geoeconômico e geopolítico”, completou Hipólita Siqueira de Oliveira.

A professora Tania Bacelar de Araújo lembrou que Furtado precisou de um bom método para vislumbrar mudanças fundamentais e destacou a necessidade de conhecer uma realidade para poder transformá-la. “Celso Furtado se apoiou no método histórico estrutural, o foco principal era mergulhar nos fundamentos para buscar enxergar o processo de formação e a dinâmica dessas estruturas. A segunda grande aposta dele foi que para realizar uma transformação faz-se necessária a intervenção do Estado. Transformações profundas não seriam conduzidas apenas pelo mercado e sim com a ajuda do Estado. Nesse caso, o planejamento seria o instrumento para o processo de transformação social. A organização do Estado também conta, e para ele a federação era um elemento importante”, esclareceu Tania.

“Gostaria também de refletir sobre uma inovação institucional do Nordeste. A região está resistindo e experimentando, e acho que essa importante reinvenção é semelhante à de Furtado, com a criação da Sudene: o Consórcio Nordeste é uma ação muito importante e ela dialoga com Celso Furtado. Na esfera política, há o foro dos governadores, e na esfera técnica eles criaram um consórcio que tem um governador que preside mas tem também uma equipe técnica que operacionaliza. Então é um pouco como a Sudene, que tinha um conselho deliberativo e também uma secretaria executiva que estabelecia a operacionalização”, explicou a Professora do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE.

Clélio Campolina, por sua vez, falou da problemática dos grandes centros urbanos, comparando a época da Sudene e a atualidade. ”Nos anos 50 tínhamos um Brasil rural e hoje temos um Brasil urbano. Isso faz muita diferença no ponto de vista das estratégias de desenvolvimento, inclusive porque as mega metrópoles hoje acumulam uma concentração de pobreza com segmentação que é social e territorial ao mesmo tempo. Esse é um problema que precisa ser enfrentado de uma maneira objetiva, pois estamos presenciando a construção de um nível de urbanização de enormes cidades. Esse é um fenômeno que precisa ser observado e pensado do ponto de vista do futuro do federalismo brasileiro”, advertiu Campolina.

“Não podemos ter tudo concentrado em algumas mega metrópoles no país. E o Nordeste precisa pensar o seu interior, estudar a sua integração territorial, para evitar a reprodução de miséria e segmentação social em que se transformam as mega cidades”, concluiu o ex-Reitor da UFMG e ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Semana Celso Furtado, realizada de 3 a 6 de novembro, é parte das comemorações dos 30 anos da Fundação João Mangabeira (FJM), e homenagem ao centenário do economista paraibano Celso Furtado, um dos mais destacados intelectuais brasileiros.

O ciclo de debates sobre política econômica tem apoio institucional da Associação Brasileira de Economistas Pela Democracia (ABED) e do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICF). A transmissão ao vivo é realizada por meio das redes sociais da Fundação João Mangabeira, até o dia 6 de novembro a partir das 19h, com previsão de encerramento às 21h.

Confira a programação dos próximos encontros:

5/11, quinta-feira, 19h: Cultura, Inventividade e Economia Criativa

  • Rosa Freire de D’Aguiar (CICF. Jornalista e Tradutora)
  • César Ricardo Siqueira Bolaño – Professor da UFS. Foi presidente Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC). Autor de livros sobre Celso Furtado e Cultura.
  • Cláudia Sousa Leitão – Professora da UECE. Ex-Secretária da Cultura do Estado do Ceará (2003-2006) e Ex-Secretária Nacional da Economia Criativa (2011-2013).
  • Moderador: Prof. Carlos Brandão

6/11, sexta-feira, 19h: Conclusão do Ciclo de Debates “Democracia, Soberania e Participação da População nas Decisões”

  • Gilberto Bercovici – Professor Titular de Direito Econômico da USP e CICF
  • Roberto Saturnino Braga – Diretor-Presidente do Cicef – Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.
  • Adroaldo Quintela – Coordenador da ABED- Associação Brasileira de Economistas pela Democracia.
  • Prof. Carlos Brandão – Organização da Semana Celso Furtado
  • Moderador: Alexandre Navarro (Vice-Presidente da FJM
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