Publicado 5 de outubro de 2015 16:55. última modificação 5 de outubro de 2015 16:55.

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Fundação João Mangabeira discute desindustrialização do Brasil

Fundação João Mangabeira – 02/10/2015

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Foto: Humberto Pradera/PSB

A Fundação João Mangabeira, ligada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), lançou nesta quinta-feira, 1º, o boletim de conjuntura sobre a desindustrialização do Brasil. Durante evento em Brasília, dirigentes e parlamentares do partido discutiram com representantes do setor sobre a perda de competitividade da indústria.

O documento aponta o retrocesso da indústria nas últimas décadas. “Isso se deve, obviamente, à falta de visão estratégica dos diferentes governos nas últimas décadas. Nenhum compreendeu a importância de desenvolver a indústria nacional e, portanto, o Partido Socialista Brasileiro deve e já colocou no seu planejamento estratégico como algo de prioridade absoluta, fundamental, indispensável e crucial para o desenvolvimento nacional”, afirmou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

No documento lançado, o presidente da Fundação João Mangabeira, o ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande fala do momento de agonia pelo qual passa a indústria brasileira. “Em meados da década de 1980, a indústria representava 36% do nosso PIB. Hoje representa 14%, percentual semelhante ao da primeira metade da década de 1940”, diz o texto.

Na avaliação do cientista político Cesar Benjamin, que também participou do encontro, a reindustrialização não pode ser um processo espontâneo, mas depende de um projeto político determinante. “Esse tema é central para quem quiser pensar o desenvolvimento brasileiro no século 21. Eu realmente torço para que o Partido Socialista Brasileiro seja uma vanguarda em colocar essa bandeira de modo que o Brasil não só supere a crise política momentânea, mas seja capaz de encontrar um projeto nacional que dependerá desse processo fortemente desse processo de reindustrialização brasileira”, afirmou.

No evento, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, estimou números ainda piores: a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) tende a despencar ainda mais neste ano, chegando a 9,5%.

“A estimativa é que este ano vamos chegar a 9,5% do PIB, o que é um arraso. Porque praticamente estamos acabando com a nossa indústria. Tenho defendido, tenho mostrado, que não existe um país rico com uma indústria pobre”, disse.

Segundo Andrade, a indústria é penalizada pela carga tributária complexa e pela falta de segurança jurídica. “Não estou falando em diminuir imposto, nós temos que desburocratizar. São mudanças estruturais difíceis que apenas uma liderança com olhar no futuro é que vai realizar. E hoje a gente não está vendo no meio político uma liderança que tenha essa capacidade”, disse.

Para o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil agrava as desigualdades. Para ele, é preciso um pacto por uma política macroeconômica que sustente o setor, como na manutenção de uma taxa de câmbio que dê competitividade à indústria.

“Estamos há 20 anos com um pé no freio do desenvolvimento industrial, porque nós temos de forma continuada uma macroeconomia da desindustrialização. A nossa macroeconomia desfavoreceu , desestimulou, desestruturou o processo de desenvolvimento nacional . Um projeto requer uma macroeconomia que sustente o desenvolvimento industrial. E isso nós estamos falando de câmbio, que favoreça o desenvolvimento industrial de forma competitiva”, opinou.

Assessoria de Comunicação/PSB

 

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