Publicado 18 de junho de 2022 09:26. última modificação 18 de junho de 2022 10:05.

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Só sei que foi assim! Julgamento de João Grilo e Aula Espetáculo foram os grandes destaques do segundo dia em Paraty

O júri absolveu João Grilo, em uma releitura bem atual do famoso julgamento

Foto: Rodrigo Francisco

O dia foi bem agitado. Enquanto no Cinema da Praça moradores e turistas assistiam ao filme o Auto da Compadecida, ali em frente, na tenda de fitas, esquetes curtas com artistas locais representavam as mais famosas falas de Ariano, juntando música, teatro e dança.

Foto: Rodrigo Francisco

Há uma quadra, João Suassuna, neto mais velho de Ariano, trazia de volta a aula espetáculo “Na Trilha do Mestre”, juntamente com o artista Pedro Salustiano. João, que claramente herdou a faceta de bom contador de histórias do avô, escolheu vídeos e “causos” que retratam quem era Ariano e qual sua visão do Brasil e do mundo. Defensor ferrenho da língua portuguesa e avesso a estrangeirismos, os vídeos apresentados pelo neto juntamente com seus comentários trazem ao público um saudosismo quase triste, que logo é interrompido por risos e a certeza que Suassuna encantou, mas ainda está entre nós. 

Na mesma Casa de Cultura, momentos depois, tivemos a encenação e leitura dramática da cena “O julgamento de João Grilo”, de uma das obras mais importantes e famosas de Suassuna. A adaptação do texto, realizada pelo coordenador artístico José Roberto Souza, estava impecável, com críticas e  colocações atuais e que remetiam diretamente aos presentes, arrancando boas gargalhadas do público. Os atores, em sua maioria da cidade de Paraty também foram uma grata surpresa, com interpretações grandiosas e envolventes. Mas o ponto alto foi a participação do desembargador Guilherme da Costa Wagner Junior que interpretou o “Jesus Negro” e encantou a todos. Se estava nervoso, ninguém notou, dada a tamanha destreza e convicção que atuou. Para fecharmos com chave de ouro, temos que aplaudir de pé as intervenções de Aramis Trindade, como Ariano Suassuna, auto explicando e se elogiando, sobre a obra. Bravissimo!

Ao final do espetáculo, o Presidente da Fundação João Mangabeira, Márcio França, falou da emoção de realizar esse projeto e cravou que no próximo ano a cidade escolhida será Iguape, em São Paulo. “Uma realidade de uma ideia que a gente conseguiu criar esse clima na cidade, com bons produtores, com um diretor sensacional e principalmente com a percepção muito bonita dessa volta, de fazer o julgamento de alguém que é um sobrevivente, como no caso do João Grilo, que é crônica do Ariano Suassuna sobre o sofrido povo brasileiro”, declarou França. 

E as festividades não pararam após a encenação. Na Tenda da Praça um show de forró animou a noite e seguiu pelo início da madrugada, com muita música, dança e descontração para espantar o frio. 

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