Publicado 5 de junho de 2015 15:37. última modificação 5 de junho de 2015 15:37.

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Diálogo Brasil: Benjamin teme década perdida na economia brasileira

Benjamin-teme-decada-perdidaO cientista político e economista, César Benjamin, foi o palestrante da terceira edição do ciclo de debates Diálogo Brasil, realizado em Porto Alegre na segunda-feira (01/06). Benjamin avaliou a crise contemporânea do país afirmando que o Brasil vive uma situação de perplexidade e crise.

“Infelizmente,  a crise está apenas começando. Tenho refletido se não estamos vivendo outra década perdida de crescimento econômico”, disse o cientista político. Ele destacou que o governo Dilma adotou uma terapia conservadora na economia,  com recessão, um brutal corte de recursos públicos e juros altos.  “Neste cenário, com corte de investimentos na saúde,  na educação, o governo transfere a renda dos diversos segmentos da população para ínfimas 20 mil famílias detentoras de títulos públicos”, afirma.

Conforme o palestrante, esta condução da política econômica gera contração da capacidade de investimento e aumenta a vulnerabilidade externa do país. César Benjamin destacou ainda que o único setor a manter o crescimento no primeiro trimestre de 2015 foi o agronegócio. “Está ocorrendo um aprofundamento do processo de desindustrialização da economia brasileira”, avaliou. Para ele, o mundo quer do Brasil apenas quatro coisas:  alimentos, minérios, petróleo e “a cereja do bolo”, que são os juros altos. “Pegam dinheiro onde tem juros baixos e emprestam aqui”, afirmou, acrescentando que um país com 85% da sua população vivendo nas cidades, não pode se desenvolver centrado na exportação de alimentos, minérios e petróleo.

O economista disse que “se o Brasil não tiver capacidade para construir seu próprio projeto, vai acabar sendo o que o resto do mundo quer que ele seja. Nos transformamos em uma sociedade com fraca vontade própria  e que não consegue canalizar sua energia para aquilo que realmente importa”. O palestrante citou o exemplo de países como os EUA, que era agrícola no século 19 e se transformou, no mesmo século, em industrial; e a China também. “São grandes países periféricos que em certo momento decidiram para onde queriam ir não aceitando o lugar que o mundo impôs”, avaliou.

Benjamin lembrou que durante um longo período, a economia mundial esteve baseada no setor metal mecânico e hoje a biotecnologia ganha espaço. “E é  justamente na Amazônia que está depositado o grande banco genético do mundo. Além de minerais e um grande banco de água doce”, destacou ao afirmar que é fundamental cuidar desta região de forma conjunta, ligando a questão à integração sul-americana. “A história mostra que regiões com recursos estratégicos privilegiados que são governadas por sociedades com vontade fraca, não dão certo” alertou. Para o palestrante, a Amazônia precisa ser um espaço de união,  deixando para trás o passado de disputas. “Precisamos transformar seu potencial em riqueza efetiva para nossos cofres, trabalhando com alta tecnologia e conhecimento das espécies”. Finalizou afirmando que “seja para preservar nossa base industrial, seja para preparar nosso salto para o século XXI, a integração sul-americana torna-se ainda mais fundamental.

O seminário “Diálogo Brasil: Reflexões sobre a crise e os caminhos democráticos” é promovido pelas fundações João Mangabeira (PSB), Astrojildo Pereira (PPS) e Herbert Daniel (PV) e já havia sido realizado em Brasília e no Distrito Federal. Na capital gaúcha, a atividade ocorreu no auditório da Famurs (Federação das Associações de Municípios do RS) com a presença de mais de 300 pessoas e foi transmitida pela TV João João Mangabeira, contando com a participação de 5 mil internautas de todo o país.

DANIELA MIRANDA – JORNALISTA MTB 8870

COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PSB/RS

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