Publicado 9 de novembro de 2020 16:55. última modificação 9 de novembro de 2020 16:55.

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Debate sobre soberania e população participativa encerra Semana Celso Furtado

Último encontro tem como tema “Democracia, Soberania e Participação da População nas Decisões”

Promovida pela Fundação João Mangabeira, a Semana Celso Furtado foi uma justa homenagem ao centenário de um dos mais destacados intelectuais brasileiros, o economista paraibano Celso Furtado. Também foi parte das comemorações dos 30 anos da FJM. No último dia do ciclo de debates online, o tema foi “Democracia, Soberania e Participação da População nas Decisões”.

O encontro virtual teve como convidados Gilberto Bercovici, professor titular de Direito Econômico da USP e CICF; Roberto Saturnino Braga, diretor-presidente do Cicef – Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento; Adroaldo Quintela, coordenador da ABED – Associação Brasileira de Economistas pela Democracia; e o professor Carlos Brandão, da organização da Semana Celso Furtado. A mediação ficou por conta de Alexandre Navarro, vice-presidente da FJM.

Navarro ressaltou que a obra de Furtado é de enorme importância para se discutir o país e rememorou alguns eventos importantes para a formação do intelectual. “Em 1948 ele fez o doutorado em Economia na Universidade de Paris, e em 1950, já no Chile e com Raúl Prebisch, fez um estudo da economia brasileira com teses de princípios de planejamento para o Brasil. Entre 57 e 58, no King’s College, na Inglaterra, escreveu o seu mais conhecido livro: Formação Econômica do Brasil. Em 59, já no governo JK, lançou os estudos de política de desenvolvimento do Nordeste, que decorreu na criação da Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste”.

O Senador Roberto Saturnino Braga, diretor presidente do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (Cicef), mostrou que a ideia de desenvolvimento é relativamente nova no Brasil e foi aprofundada no país por Furtado. “Ele foi enfático em priorizar a cultura como um fator do desenvolvimento e demonstrar que ele é um fenômeno multidisciplinar. É claro que a economia é importante, mas também o são a cultura, a estrutura social e a capacidade de pensar e debater a nação”, completou Saturnino Braga.

“Falar de Celso Furtado é falar de democracia, é falar de soberania e da preocupação da participação do povo nas decisões políticas, porque Furtado, antes de mais nada, tem uma característica em sua trajetória que faz dele, além do importante intelectual que realizou estudos essenciais para a compreensão dos problemas brasileiros, também um homem da prática, da política concreta”, explicou Gilberto Bercovici, que ainda falou sobre a soberania necessária para se alcançar a evolução nacional. “Furtado dizia que a passagem do subdesenvolvimento para o desenvolvimento envolve ruptura. É um processo de violação do sistema, seja internamente em relação às forças que tentam obstaculizar o nosso desenvolvimento, seja externamente, porque o subdesenvolvimento é um fenômeno de dominação, de natureza cultural e política”, completou o professor titular de Direito Econômico da USP e CICF.

O professor Carlos Brandão, da organização da Semana Celso Furtado, destacou que Furtado é um autor amplo, podemos encontrar citações maravilhosas para cada conjuntura e cada ocasião. “Ele usa muita a expressão ‘destino do povo e a sua cultura’, e tem uma passagem dele muito lembrada, que fala do exemplo de outros povos que tiveram avanços rápidos no plano político depois que essa sociedade passou por uma longa noite de imobilismo. Ele acrescenta que seria preciso a fermentação de ideias e de iniciativas políticas para a recuperação do tempo perdido”, completou Brandão.

O Coordenador da ABED, Adroaldo Quintela, salientou que hoje, infelizmente, estamos discutindo temas que poderiam ter sido transpostos, porque a sociedade brasileira perdeu chances – embora avançasse em alguns momentos – de fazer grandes transformações que o país necessitava. “No entanto, não devemos perder as esperanças e a fé no futuro do país. Ainda que estejamos vivendo um momento com muitos retrocessos, há um Brasil que está se mexendo nas favelas, nas periferias. Um Brasil que está se renovando no Nordeste. Acredito que, assim como Celso Furtado, que fazia uma aposta no futuro, devemos tomar em nossas mãos o destino do país e promover uma unidade nacional e criação das condições para superarmos esse momento extremamente difícil da nossa história, e avançarmos novamente. Não só na defesa da democracia mas na reconquista do Estado Democrático de Direito”, concluiu Quintela.

Com uma programação de debates sobre política econômica, a Semana Celso Furtado teve apoio institucional da Associação Brasileira de Economistas Pela Democracia (ABED) e do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICF). A transmissão dos debates foi realizada por meio das redes sociais da Fundação João Mangabeira.

Assista o debate de encerramento em https://youtu.be/w3BGHmmLVoQ

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