Publicado 26 de novembro de 2021 12:36. última modificação 26 de novembro de 2021 14:03.

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Professor do Curso de Gestão Pública da FMA cativa alunos e se torna referência para todos: “Não vou deixar ninguém desistir”

Ó capitão, meu capitão! Quem se lembra do clássico filme ‘Sociedade dos Poetas Mortos’, de 1989, no qual o ávido professor Keating, tido na época retratado como transgressor, incentiva e encoraja seus alunos a perseguirem seus ideais, correrem atrás dos seus sonhos e a não desistirem? Pois os alunos do Curso de Gestão Pública da Faculdade Miguel Arraes (FMA) têm seu Keating.

Com uma didática inovadora, um amor incondicional pelo que faz e total interesse nas dificuldades e aptidões de cada um, o professor Paulo Roberto Vidigal vem fazendo a diferença no curso e na vida de seus alunos.

Vidigal, ou apenas Vidi, como foi carinhosamente apelidado pela turma, tem 61 anos de idade, é formado em Direito, História, Pedagogia, Administração, com Mestrado em Empreendedorismo e Doutorado em Administração, mas sua real vocação é relações humanas.

Sua preocupação com os estudantes, a escuta das suas histórias de vida, problemas e dificuldades cativou a todos, tanto que existe um grupo de whatsapp dele com os alunos e quem chega não quer sair. Suas aulas de empreendedorismo, às sextas-feiras, são as mais cheias de todas as disciplinas, e duram sempre mais do que apenas 30 minutos, tempo previsto para as aulas do curso de EAD (Educação a Distância).

Quando todos não sabiam mais o que fazer para entender a ‘bendita’ estatística, Vidi ficou das 20 horas à meia-noite explicando a matéria e resolvendo questões para ajudar seus alunos e, detalhe importante, ele não ministra essa disciplina. Para o professor, essa identificação com os alunos vem de valores muito parecidos, além de uma vontade imensa de fazer a diferença. “É impossível não ter carinho pela turma. Tem muitos estudantes que cursaram a EJA (Educação de Jovens e Adultos), para a qual já dei aula na prefeitura de São Paulo por 10 anos.

“Tem alunos de toda parte do país, Pará, Recife, Brasília, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo e muitos outros. São todos estudantes trabalhadores, que são empreendedores e nem sabem, que contam histórias de luta e superação e eu escuto e me encanto com todas”, conta o professor.

Ele cita algumas histórias que mais o comoveram. “Tem aluna empreendedora na área de limpeza e aluguel de apartamentos, faturando mais de 6 mil reais por mês e é super humilde, nem ela sabia que era empreendedora, descobriu na aula. Outra, do Sul, tem muita experiência em gestão e seus exemplos sempre ajudam o grupo. Há também uma estudante quilombola que anda não sei quantos quilômetros até a cidade para poder estudar e assistir minhas aulas. Outra assiste com o bebê no colo, como não se apaixonar? São todos estudantes comprometidos com o aprender e não somente com a nota, e isso me encanta muito”, derrete-se o professor.

Docente desde 1981, Vidi acumula experiências e desafios e confessa que estava pensando em parar de lecionar este ano, mas que a turma de Gestão Pública da FJM o fez mudar de ideia. “Eu ia parar mesmo, não tenho porque mentir, mas já na primeira aula me deparei com uma turma que brigava para falar e que pela primeira vez queria debater o conteúdo, com coragem para dizer ‘não entendi’ ou ‘eu quero saber mais sobre isso’ e eu tive que melhorar as minhas aulas, elevar o nível. Eu agradeço a essa turma de estudantes, que me deu motivação para continuar.”

Mas essa motivação em não desistir é recíproca. Quando um estudante se mostra cansado ou desanimado com alguma nota ruim ou por ainda não dominar (ou não ter acesso) às tecnologias que o ensino EAD demanda, é Vidi que não deixa ninguém largar a mão de ninguém. Com incentivo, uma palavra amiga e muita disposição, ele não deixa que nenhum aluno jogue a toalha antes da batida do gongo e já prometeu ajuda para os que ficaram de exame.

ALUNOS SÃO SÓ GRATIDÃO
E os alunos? São só elogios, reconhecimento e gratidão. Como Regina Knevitz, 60 anos, de Campo Bom, Rio Grande do Sul. Filiada ao PSB da cidade, ela fala das dificuldades de voltar a estudar após 35 anos. “Tomei a decisão de me inscrever para a bolsa e, a partir daí, vieram os desafios. Várias disciplinas, aulas gravadas, entender como funcionava a plataforma, tudo muito dinâmico, frio e distante, eu pensava em desistir.

Quando fui assistir minha primeira aula on-line, tive o privilégio de conhecer o professor Vidi, e foi um divisor de águas. Consegui entender que a dinâmica do curso EAD já estava na minha vida cotidiana, que estudar dentro da minha casa era prazeroso e que ainda poderia trocar informações e ganhar muito conhecimento em cada aula. Acredito que neste primeiro semestre, para muitos como eu, ele nos pegou pela mão, abriu a porta e nos mostrou com palavras simples e uma didática fantástica, que só ele tem, que o saber e o ensinar são trocas que podemos fazer em qualquer momento de nossas vidas. Gratidão, professor Vidi.”

Já Claudia Ribeiro, 28 anos, de Goiânia, Goiás, diz que o professor segue fielmente os ensinamentos de Paulo Freire e que é um exemplo de ensino humanizado. “O professor Vidigal é muito importante para nossa formação superior, pois ele transmite o ensino com paixão e dedicação, nos motivando a sermos pessoas melhores diante da sociedade, nos exercitando para termos senso crítico, com inteligência. Ele segue à risca os ensinamento do Paulo Freire, pois nos dá a oportunidade de sermos nós mesmos. E mesmo o curso sendo a distância, ele nos faz sentir dentro de uma sala de aula e ainda fica depois da aula, caso tenhamos dúvidas. O professor Vidigal é o exemplo de um ensino humanizado que ainda existe”, declara Claudia.

A disposição de seus alunos, militantes e atuantes da política também é motivo de orgulho para Vidi. “Essa turma é diferenciada. Quando ouço que eles vão às ruas, de porta em porta, para pedir votos e argumentar sobre seus candidatos com os eleitores, me vem à mente que eles já têm voz e vez, que querem não só ter o diploma, mas também conhecimento real sobre gestão pública, para atuarem com valores éticos e, acima de tudo, como cidadãos. Para mim, são um presente de Deus”, declara o professor Vidigal.

É com esse espírito de cumplicidade e lealdade que está quase acabando o primeiro semestre do curso de Gestão Pública e a única certeza que todos têm (e comemoram) é que o professor Vidi estará novamente com a turma no próximo semestre e em todos os outros. Palavra de mestre!

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