Publicado 9 de dezembro de 2020 14:48. última modificação 9 de dezembro de 2020 14:48.

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Pense Brasil Virtual discutiu a volta da fome no país

As políticas públicas necessárias para erradicar a fome têm sido desprezadas pelo Governo Federal a partir de 2016 até a atual gestão. Com isso, a fome voltou a crescer no Brasil e já atinge 10,3 milhões de pessoas, de acordo com números do IBGE. Os índices apontam o retorno do país ao Mapa da Fome da ONU, e mesmo assim o governo executa medidas de redução orçamentária e desmonte explícito das estruturas de segurança alimentar e nutricional.

Para debater esse assunto urgente na agenda nacional, o Pense Brasil Virtual do último dia 7 de dezembro convidou José Graziano da Silva, ex-Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), e Daniel Carvalho de Souza, presidente da ONG Ação da Cidadania. Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira, foi o mediador do debate.

Coutinho lembrou do ativista do combate à fome, Josué de Castro, e sua extensa e importantíssima contribuição sobre o tema. “Josué foi candidato três vezes ao Nobel e sua obra ‘A geografia da fome’, mantém-se atual 74 anos depois de escrita”, disse. “Tivemos um espaço de tempo em que políticas públicas eficientes tiraram o país do mapa da fome, mas hoje estamos de novo lutando contra a subnutrição, pobreza e outros problemas que poderiam estar erradicados caso houvesse boa vontade dos governos de plantão”, completou o presidente da FJM.

Daniel Carvalho de Souza contou que de 2007 a 2017 não foi necessário que houvesse a campanha “Natal Sem Fome”, entretanto, a mesma precisou ser realizada depois que foi iniciado o desmonte de políticas públicas pós Golpe de 2016. “Isso é um crime bárbaro, esse histórico de descaso, desrespeito e perversidade em relação às pessoas que não têm o que comer. E durante o pouco tempo em que tivemos a vontade política, provamos que mesmo sendo um país de proporções continentais, temos condição de enfrentar esse desafio e superá-lo”, disse o presidente da ONG Ação da Cidadania.

“Sobre o indicador ‘insegurança alimentar moderada ou grave’, incluímos pessoas que não conseguem fazer três refeições ao dia, não comem carne, leite e outros alimentos importantes. Esse número chega a dois bilhões de pessoas no mundo, é uma proporção de mais de 25% da população mundial. No Brasil, esse número atinge a 20% da população. Minha projeção para o país, caso não tenhamos auxílio emergencial, é que o total de pessoas nessa situação possa saltar para algo em torno de 65 milhões de pessoas”, explicou José Graziano da Silva, que também mostrou sua preocupação com o fato das crianças não estarem consumindo a merenda escolar por conta das necessárias medidas de isolamento social.

“As crianças não estão tendo a merenda, que era grande parte da nutrição dos jovens pobres, e nós ficamos vacilando com o que fazer com esse recurso – se manda entregar em casa, se pede para buscar em locais determinados. O programa de merenda escolar com produtos comprados da agricultura familiar, que inclusive foi implementado na Paraíba, em seu governo, Ricardo, foi extremamente bem sucedido! E esse programa está atualmente sendo desmontado, o que causará o comprometimento de uma geração futura”, completou o ex-Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

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