Publicado 10 de fevereiro de 2021 15:07. última modificação 10 de fevereiro de 2021 15:07.

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Pense Brasil promoveu debate sobre a desindustrializaçãono país

A Desindustrialização: crise, desafios e superação foi o tema do Pense Brasil Virtual realizado na noite de 8 de fevereiro.Mediado pelo Presidente da Fundação João Mangabeira, Ricardo Coutinho, o debate teve a participação do professor da Unicamp Márcio Pochmann, do especialista em desenvolvimento Elias Jabbour, e do presidente estadual do PSB no RS, Mário Bruck.

“O tema da desindustrialização é fundamental, porque ela resulta no aumento do desemprego, da dependência e na redução da soberania do país”, disse o presidente da Fundação João Mangabeira, Ricardo Coutinho. “O assunto voltou recentemente ao centro do debate com o fechamento da Ford em três estados – São Paulo, Bahia e Ceará – que levaram à perda de cerca de 118 mil empregos diretos e indiretos”, acrescentou Coutinho.

O economista Marcio Pochmann ressaltou que o país teve um encolhimento de forma muito precoce nos últimos anos. “A perda da capacidade de produzir e competir internacionalmente fez com que o país fosse voltando cada vez mais a depender de uma espécie de neo-extrativismo. E assim aumenta a dependência da produção de matérias primas e de produtos alimentícios para atender à demanda externa. Cada vez mais o Brasil perdeu a capacidade de ter autonomia em suas decisões e, de certa maneira, esperando que algum milagre pudesse vir do exterior”, explicou. “Agora, o esvaziamento da indústria, do emprego e da renda foi sendo ocupado pelo setor terciário, pelos serviços”, complementou o professor da Unicamp.

“O problema hoje é basicamente político, todo problema econômico é também um problema político e institucional”, apontou o especialista em desenvolvimento Elias Jabbour. “O grande desafio brasileiro hoje é retomar uma política que na Câmara dos Deputados demanda três quartos do total capaz de desmontar todo esse circo de horrores institucional do pós-golpe de 2016. Nosso desafio não é pequeno, as responsabilidades que recaem sobre os partidos e outras forças progressistas é muito maior do que poderíamos imaginar. Devemos pensar o Brasil grande e acima dos nossos interesses particulares”, afirmou Jabbour.

O presidente estadual do PSB no Rio Grande do Sul, Mario Bruck, acrescentou que o Brasil precisa reencontrar o pensamento de nação. “Se nós não tivermos um projeto de nação e uma responsabilidade política de valorizar a nossa indústria, não conseguiremos reverter esse processo atual de desindustrialização. Precisamos reorganizar nossa economia com o tripé da poupança, da educação e da inovação, e a partir daí valorizarmos novamente nossa indústria, o que ainda será um estímulo a mais para que os nossos bancos financiadores invistam em mais projetos nacionais”, destacou Bruck.

Ricardo Coutinho lembrou que a atual conjuntura é extremamente complexa, e que não conseguiremos ir a canto nenhum isolados, sozinhos. “Na essência esse debate tem enorme profundidade porque traz dentro de si importantes mudanças, não só no mundo globalizado, nas divisões das tarefas de cada região dentro de um mundo globalizado, mas também as transformações no próprio universo do trabalho”, concluiu o presidente da Fundação João Mangabeira.

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