Publicado 31 de janeiro de 2019 14:42. última modificação 31 de janeiro de 2019 14:42.

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Análise de conjuntura marca início de debate entre Fundações

As fundações partidárias integrantes do Observatório da Democracia realizaramhoje (31/01) no plenário 3 do Senado, em Brasília, um semináriosobre as perspectivas do governo Bolsonaro. Na primeira mesa,coordenada pelo presidente da Fundação Leonel Brizola – AlbertoPasqualini (PDT).

O representante daFundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Henrique Mathiessen abriu sua apresentação destacando o quadro de profunda crise quevive o Brasil, sob um governo recém iniciado e que já enfrentagraves problemas, como os indícios de corrupção, apontados nosúltimos relatórios da COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Segundo Henrique, o atual governo retrata a elite brasileira, que tem as seguintes características, resumidamente: sofre de um sentimento anti-Pátria,é ligada aos interesses internacionais e é uma elite apátrida.Descatou ainda que o governo Bolsonaro representa os “interessesespúrios internacionais” e promove a negação da política, apartidarização da Justiça e do conjunto do judiciário.

Na sequência, o representante da Fundação João Mangabeira (PSB) James Lewis, analisou o papel da disputa pelo petróleo e a Petrobras que esteve no centro de várias crises políticas brasileiras, provocadas grupos entreguistas contra governos que defendiam os interesses nacionais. “O mesmo discurso que derrubou Getúlio Vargas é o mesmo discurso que foi feito contra Jango Goulart e contra Dilma Rousseff. O Petróleo é um dos temas-chave dessa disputa”, ressaltou.

Lewis apontou ainda para as contradições presentes dentro do atual governo, que devem ser consideradas na luta pela Democracia, como os militares e as igrejas evangélicas. “Há setores das Forças Armadas que tem sentimentos nacionalistas que poderão estabelecer essas contradições”

Júlio Vellozo, da Fundação Mauricio Grabois, apresentou o objetivo das fundações aoconstruir o Observatório da Democracia. “Buscamos uma grandeconvergência das forças progressistas brasileiras neste momento.”Em sua análise, Vellozo mostra a origem dos interesses defendidos pelo governo Bolsonaro. “Nasce fora do país, a partir dos interesses do capital financeiro internacional”, ressalta. “Emum cenário internacional onde se apresentam duas tendências: umadelas é que o sistema não necessita mais de nenhuma forma derespeito às regras democráticas tradicionais.”

Segundo Vellozo o papel do Brasil no novo cenário geopolítico, que está seconsolidando no mundo, passou a ser relevante por causa das riquezasminerais e o petróleo. “O Estado Nacional, nessa perspectiva,não tem um mínimo de política autônoma para enfrentar essaquestão da ofensiva ultraliberal” E essa política ultraliberaladotada pelo governo Bolsonaro evidencia mais uma contradição: elese alimenta do Estado que quer desmontar.

Ele destacou também o papel violento do grupo jurídico militar nesse quadro político, ao citar o impedimento do presidente Lula de ir ao velório do irmão, causado por decisões judiciais contraditórias, numa inversão total do direito tradicional.

Pedro Otoni, da Fundação Lauro Campos, em sua apresentação analisou o atualgoverno Bolsonaro, que para ele não pode ser compreendido semanalisarmos a situação internacional. Segundo ele, as elites domundo estão enfrentando três crises: a ascensão da China e deoutras potências do Oriente, que preparam sua ultrapassagem emrelação aos Estados Unidos/Ocidente; uma crise econômica que temse mostrado resistente aos mecanismos clássicos que o capitalismodesenvolveu para administrar suas crises e para a qual fica cada vezmais difícil encontrar uma alternativa dentro dos marcos docapitalismo contemporâneo; os impactos da Revolução 4.0 sob amassa trabalhadora, o que tende a criar uma imensa e inédita massade deserdados que pode colocar as bases do sistema em risco.

São trẽs crises que se retroalimentam, e as saídas para a crise dividem a elitefinanceira internacional: um setor quer manter o liberalismoclássico, e outros setores querem partir para um autoritarismoaberto contra esse neoliberalismo clássico, conclui Otoni.

Por fim, José Sérgio Gabrielli, representante da Fundação Perseu Abramo, afirmou que o governo Bolsonaro é sim fruto de verdadeiras placas tectônicas no mundo com uma grande ofensiva sobre a soberania nacional, como aconteceu na Líbia, na Síria, e continua através dos projetos de intervencionismo da OTAN. Gabrielli destacou o papel da comunicação e da imprensa para atingir esses objetivos estratégicos. Existe um grande esforço de controle dos recursos estratégicos dos países em desenvolvimento, como minerais estratégicos, não somente em relação ao Petróleo.

Gabrielli mapeou em sua análise os quatro polos de poder dentro do governo Bolsonaro.São eles: núcleo Lava Jato—(Moro é um Ministro do Interior e nãoda Justiça), Núcleo Paulo Guedes e suas relações internacionais,Núcleo do Exército, que é o núcleo mais atrasado das FFAAbrasileiras e Núcleo da família de Bolsonaro: Um governo que agepor estímulos externos – especialmente nas relações exterioresque em grande medida condicionam a luta de classes no Brasil.

Fonte: Observatório da Democracia

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