Publicado 31 de outubro de 2019 15:05. última modificação 24 de fevereiro de 2020 21:41.

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A sua militância Política reconhece as pessoas com deficiência?

Luciana Trindade, militante do Movimento Popular Socialista/ Núcleo de Base da Pessoa com Deficiência e do Coletivo Feminino Helen Keller

Falar de deficiência não é apenas mencionar a presença de uma lesão, doença ou alterações genéticas, mas o resultado dessas condições individuais em interação com as barreiras construídas e impostas socialmente. Entretanto, diariamente nossa existência é validada apenas pela lógica de superação, quando falamos o quanto nossas vidas são “horríveis” para que todas e todos se sintam melhores.

Na trajetória de luta das pessoas com deficiência, o feminismo foi um importante aliado ao trazer a perspectiva do cuidado como pauta política. Contudo, a pauta não estendeu e permaneceu centrada no reconhecimento do lugar da mulher como mãe cuidadora ou simplesmente cuidadora.

Porém, o debate precisa urgentemente ser expandido! Representamos ¼ das mulheres brasileiras e não podemos permanecer invisibilizadas dentro do movimento feminista.

É fundamental compreender que violências contra a mulher também resultam em deficiência, uma vez que a deficiência possui relação com abortos precários, violência obstétrica, violência doméstica, trabalhos precarizados e a negação de direitos fundamentais. Ou seja, não há igualdade possível enquanto não houver ruptura com um sistema capitalismo sustentado no patriarcado, no capacitismo, no racismo e nas demais opressões.

Deficiência não é tragédia individual, é construção social e escolha política. Saibam que o exercício da nossa cidadania, assim como o de outros grupos, não é negociável. Não podemos aparecer na pauta de defensores de direitos humanos apenas em resposta a discursos vazios, carregados de lágrimas e confetes, de primeiras damas.

Nos reconhecemos as lutas dos grupos LGBTIs, negros, indígenas e brancos, vivendo com HIV, urbanos, do campo, em situação de rua, privadas de liberdade… Agora precisamos ser reconhecidos também nessas lutas! Na sua luta.

VAMOS JUNTOS CARREGAR ESSA BANDEIRA?

Texto: Coletivo Feminino Helen Keller

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